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Criminoso se passava por perito judicial para coagir vítimas de estupro: ANPAJ alerta sobre os riscos da atuação de falsos profissionais no sistema de Justiça

Elvys Marcos, de 55 anos, foi preso em Manaus após tentar manipular adolescentes vítimas de estupro no interior do Amazonas. Caso escancara...

Elvys Marcos, de 55 anos, foi preso em Manaus após tentar manipular adolescentes vítimas de estupro no interior do Amazonas. Caso escancara a urgência de mais rigor na fiscalização de peritos judiciais.


Edição e textos por Anderson Miranda 
Jornalista e Perito Judicial TJDFT

A Polícia Civil do Amazonas desmontou nesta segunda-feira (28) uma farsa macabra: a prisão de Elvys Marcos Pereira Gomes, 55 anos, que se apresentava como perito judicial sem qualquer vínculo legal com o Judiciário. Ele é acusado de tentar coagir adolescentes vítimas de estupro de vulnerável a alterarem seus depoimentos, numa tentativa de inocentar os acusados — o próprio pai e o avô das meninas.


O caso, ocorrido na cidade de Beruri, interior do estado, foi investigado pela 80ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), que apurou que Elvys abordava diretamente as vítimas, com idades entre 13 e 15 anos, alegando atuar com autorização da Justiça. Ele teria forjado um vínculo institucional e se apresentado em companhia de um advogado, tentando legitimar sua presença e conduta perante a comunidade local.

Segundo a delegada responsável pelo caso, o falso perito aparece em vídeos registrados pela polícia em que interroga as adolescentes de forma abusiva, psicologicamente agressiva, sugerindo que elas seriam culpadas pela prisão de seus próprios parentes. “É nítida a violência psicológica que ele pratica contra essas crianças. Elas aparecem abaladas, chorando, tentando negar os fatos, em evidente estado de vulnerabilidade emocional”, relatou a autoridade policial.


Risco à integridade do sistema judicial

A ANPAJ — Associação Nacional dos Peritos e Assistentes Judiciais — manifesta repúdio veemente à atuação de falsos profissionais que, valendo-se da falta de fiscalização em regiões mais isoladas, tentam usurpar funções técnicas extremamente sensíveis e comprometer a lisura do processo judicial. Casos como o de Elvys Marcos não apenas atentam contra a integridade das vítimas, como representam um risco real ao funcionamento da Justiça e à confiança social nas instituições periciais.

“Esse episódio é gravíssimo. Ele não só falsificou sua função como perito judicial — o que, por si só, já configura crime — como usou essa falsa autoridade para interferir diretamente em processos de natureza criminal sensível, cometendo violência institucional e revitimização de crianças em situação de extrema vulnerabilidade”, avalia um perito associado à ANPAJ.

A ANPAJ reforça que peritos judiciais legítimos devem estar legalmente nomeados pelos juízos competentes, com atuação prevista no Código de Processo Civil e, em casos criminais, vinculados à Justiça mediante nomeação formal. É essencial que advogados, familiares e membros do sistema de Justiça verifiquem sempre a autenticidade dos profissionais que atuam em processos judiciais.


Beruri e o contexto de silenciamento

De acordo com o delegado do Departamento de Polícia do Interior (DPI), Paulo Mavignier, há indícios de que Elvys possa ter agido da mesma forma em outros municípios. Ele afirma que, em cidades do interior do Amazonas, é comum a prática de acobertamento de crimes sexuais dentro do ambiente familiar, especialmente quando os acusados são parentes próximos das vítimas.

Essa cultura de silêncio e proteção aos agressores, segundo o delegado, torna as vítimas ainda mais vulneráveis e escancaradamente expostas à manipulação por falsos agentes de autoridade.


O que está em curso

A prisão de Elvys Marcos foi efetuada em Manaus, após coleta de provas contundentes. Ele responderá pelos crimes de falsidade ideológica, usurpação de função pública, coação no curso do processo, e possível corrupção de menores. A polícia ainda investiga possíveis cúmplices, inclusive a atuação do advogado que o acompanhava, e avalia abrir novos inquéritos em cidades onde ele possa ter repetido o modus operandi.


ANPAJ em alerta

Diante da gravidade do caso, a ANPAJ reitera a importância da regulamentação rigorosa e fiscalização efetiva do exercício da perícia judicial no Brasil, especialmente em áreas afastadas dos grandes centros, onde o acesso à informação é limitado e o risco de abusos aumenta.

É fundamental que o Judiciário reforce seus critérios de nomeação, mantenha cadastros públicos e auditáveis de peritos habilitados, e que a sociedade civil — sobretudo as entidades de classe — continue atenta a toda e qualquer tentativa de instrumentalização da Justiça por falsos profissionais.


Fonte desta matéria foi gentilmente cedida pelo nosso associado Eugenio Góes Delegado Estadual da ANPAJ no estado do Rio Grande do Norte. Nossos agradecimentos pela contribuição e compartilhamento.

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